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Desafios e ações de apoio aos municípios para gestão de RSU

Marcelo Bruto* e José Bertotti**
* Secretário de Desenvolvimento Urbano e Habitação de Pernambuco
** Secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade
de Pernambuco

Fotos: Divulgação e Lu Rocha/Semas PE

Editada em 2010, a Política Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS firmou diretrizes para a atuação integrada e o gerenciamento dos resíduos sólidos, determinando uma hierarquização para a sua gestão, incentivando o uso de tecnologias que promovam a redução, reutilização, reciclagem dos materiais e a recuperação energética, desde que comprovada sua viabilidade técnica e ambiental, além de estabelecer, inicialmente, o prazo de agosto de 2014 para a erradicação dos lixões.

Em Pernambuco, a Política Estadual de Resíduos Sólidos, editada na sequência, apresentou diretrizes importantes para a questão, como a regionalização: um caminho de propor aos municípios a busca de soluções conjuntas para a disposição adequada, de forma a permitir ganhos de escalas, considerando sempre o interesse público e a sustentabilidade ambiental e institucional. Destaca-se, como mecanismos alinhados à Política, o trabalho do Governo Estadual na elaboração dos Planos de Regionalização, do Sistema Metropolitano e do Plano de Coleta Seletiva de Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos na Região de Desenvolvimento Metropolitana, instrumentos práticos de orientação e apoio aos municípios da Região Metropolitana do Recife e também das outras regiões do Estado.  

Não obstante, após nove anos da PNRS, verifica-se que a meta de erradicação dos lixões no país ainda não foi alcançada e a prática, infelizmente, perdura na maioria dos municípios. Apenas para ilustrar a dimensão do problema nacional, de acordo com a ABRELPE, cerca de 3.300 municípios ainda depositavam seus resíduos sólidos urbanos – RSU em lixões ao final do ano de 2017. Em Pernambuco, o Relatório do Tribunal de Contas do Estado – TCE, emitido em 2019, registra que apenas 78 dos 184 municípios pernambucanos depositam corretamente os resíduos em locais ambientalmente adequados, mesmo com tanto acompanhamento dos órgãos de fiscalização e controle.

Aterro Sanitário. Foto: Maurílio Cheli/SMCS

Vale lembrar que a disposição final é apenas uma parte final da cadeia e que o problema, complexo por excelência, exige mais do que o aperfeiçoamento da atuação dos gestores públicos, que lutam para administrar a situação diante de um cenário de crise econômica nacional que perdura há anos, dado que a questão envolve a sociedade civil e seus diversos atores (dos fabricantes geradores de resíduos e os pactos setoriais até o consumo diário consciente de cada cidadão e as medidas de coleta seletiva e inclusão social com cooperativas), além das três instâncias federativas.

Neste contexto, o Governo de Pernambuco, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação e a Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade, publicam edital de chamamento público para oportunizar a realização de estudos de viabilidade técnica, ambiental, econômico-financeira e jurídica, com o objetivo de permitir a estruturação de projetos de parceria para a prestação de serviços referentes ao manejo e disposição final dos resíduos sólidos gerados nos municípios pernambucanos. Ainda que o Poder Concedente seja futuramente o município, individualmente ou em consórcio, o Procedimento de Manifestação de Interesse – PMI lançado hoje é uma medida prática de apoio técnico e institucional para, de forma interfederativa, enfrentar esta difícil questão.

Artigo publicado originalmente no Diário de Pernambuco, em 13/08/2019

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José Bertotti

Atual secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Pernambuco, José Bertotti é professor universitário. É formado em Química Industrial pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2001), com mestrado em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Pernambuco (2014). Foi diretor da União Nacional dos Estudantes (UNE). Coordenou a Representação do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação no Nordeste. Foi secretário de Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico do Recife, e secretário de Ciência e Tecnologia de Pernambuco. É da direção estadual do Partido Comunista do Brasil – PCdoB-PE.