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Como Pernambuco superou a tragédia e avançou no Meio Ambiente

Foto: Divulgação

Encerramos um ano de muito trabalho. Antes de tudo, 2019 pode ser resumido nessa palavra: superação! Um período marcado pelo negacionismo, o anticientificismo e o desmonte feroz da política ambiental por parte do governo federal.

O ano foi particularmente desafiador pelo claro agravamento das mudanças do clima, com o meio ambiente dando sinais explícitos de que chegamos no ponto crítico para tomar medidas que consigam minimizar os seus efeitos.

Pensando nisso, decidimos fortalecer a Política do Clima em Pernambuco. A partir do Fórum Pernambucano de Mudanças do Clima, demos mais espaço e voz às universidades, aos governos municipais, aos movimentos ambientalistas e à sociedade civil em geral.

Avançamos na aproximação com países parceiros e instituições internacionais, a exemplo da Agência Alemã de Cooperação Internacional (GIZ) e da Agência Francesa de Desenvolvimento (AfD), que possuem muitos interesses comuns e que fortaleceram ou deram origem a possibilidades de cooperação em ações de mitigação e adaptação à política do clima no Estado.

Com a China, promovemos o Seminário sobre Mudanças do Clima e Energias Renováveis, numa parceria com o Consulado Geral no Recife. Tivemos a oportunidade de conhecer as políticas da China para reduzir a poluição do ar e os impactos ao meio ambiente que vem revolucionando o desenvolvimento desse país nas últimas duas décadas e discutir de que maneira podemos trazer essa experiência para Pernambuco.

Foram abertas frentes de diálogo alinhadas à promoção de uma economia de baixo-carbono. Como sempre afirma o governador Paulo Câmara (PSB-PE), o desenvolvimento que queremos para o nosso estado, para o Brasil e para o mundo é o desenvolvimento sustentável, onde exista o ganho econômico, mas também as conquistas sociais e a conservação do meio ambiente.

Pernambuco protagonizou o debate ambiental. Quando representamos o Consórcio de Governadores do Nordeste na Climate Week em Nova York, criamos duas novas Unidades de Conservação no bioma Caatinga (Serras Catingueiras e Serra do Giz) e lançamos o Primeiro Inventário de Gases de Efeito Estufa do Estado – uma ferramenta que será essencial para traçarmos metas de redução desses gases poluentes. Sediamos a Conferência Brasileira de Mudança do Clima, promovendo um debate nacional e apontando soluções para se cumprir o Acordo de Paris.

Realizamos novas ações de combate à desertificação no semiárido pernambucano com a construção de fogões agroecológicos e equipamentos de saneamento básico, além de Módulos Produtivos em comunidades rurais. Iniciamos a elaboração de 41 planos de manejo das unidades de conservação estaduais. Garantimos a compra da sede do Centro de Triagem de Animais Silvestres, instituímos a Política de Educação Ambiental e desenvolvemos a plataforma digital “Ambiente +”, para, em 2020, atender às escolas de tempo integral. A legislação do plástico zero em Noronha também está entre os muitos êxitos alcançados ao longo do ano.

Em meio a essas conquistas, enfrentamos o maior desastre ambiental que já atingiu o litoral do Nordeste brasileiro. Diante da omissão do governo federal – que demorou a acionar o Plano Nacional de Contingência para acidentes com óleo –, o governador Paulo Câmara estabeleceu um comitê de crise logo após a chegada das primeiras manchas de petróleo cru, envolvendo os diversos órgãos do Estado e um grande contingente de servidores, para minimizar os impactos dessa tragédia que atingiu as nossas praias.

Fechamos o ano com a participação de Pernambuco na COP 25, em Madrid. O evento originalmente deveria ter ocorrido no Brasil, mas teve sua realização rechaçada pelo atual governo federal. Importante ressaltar o engajamento dos governos estaduais de todo o Brasil, além da presença maciça da sociedade civil, da comunidade científica e do protagonismo de povos indígenas e de outras minorias para reafirmar o compromisso brasileiro com as metas de Paris.

Não restam dúvidas sobre o papel dos governos subnacionais diante dessas questões globais. Empresas, cidades, estados e organizações da sociedade civil são atores da transição para uma economia de baixo carbono e precisam assumir a sua parcela de responsabilidade. Encerramos esse ciclo com vontade de fazer mais! O que buscamos, efetivamente, é o desenvolvimento de uma sociedade resiliente, sustentável e próspera, em um mundo no qual caibam nossos sonhos e, principalmente, inclua a todos e todas.

Artigo publicado originalmente no Portal Vermelho, em 18/01/2020

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José Bertotti

Atual secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Pernambuco, José Bertotti é professor universitário. É formado em Química Industrial pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2001), com mestrado em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Pernambuco (2014). Foi diretor da União Nacional dos Estudantes (UNE). Coordenou a Representação do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação no Nordeste. Foi secretário de Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico do Recife, e secretário de Ciência e Tecnologia de Pernambuco. É da direção estadual do Partido Comunista do Brasil – PCdoB-PE.